quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Educart: Do sabor da sutileza à perda do gosto

Educart: Do sabor da sutileza à perda do gosto:    A existência só se faz com essência. A substância talvez seja detalhe. E o detalhe da essência está na sutileza, e não há espaço para as...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Educart: Do sabor da sutileza à perda do gosto

Educart: Do sabor da sutileza à perda do gosto: Não acredito num futuro em que a educação seja coisa do passado, em que livros sejam peças de museu e professores termos acessórios do sist...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Do sabor da sutileza à perda do gosto

   A existência só se faz com essência. A substância talvez seja detalhe. E o detalhe da essência está na sutileza, e não há espaço para as brutalidades num mundo de tantas sutilezas. Trágico, e não raro, é admitir que o toque sutil da educação se tornou artigo raro entre as pessoas. Não acredito num futuro em que a educação seja coisa do passado, em que livros sejam peças de museu e professores termos acessórios do sistema, peças de uma engrenagem, tempos em que temores - e tremores - batem à porta. É a negação da coexistência das tecnologias tradicionais, o livro, o professor, e das atuais, modernas, inovadoras, facilitadoras. Estamos livres para o ócio.
   Contudo, temo por transições abruptas, violentas, com valores retomados de modo enérgico para transformações que urgem há tempos. As máquinas não são nada sem seres inteligentes para domá-las. Nosso país se tornou um picadeiro de horrores. Uma vitrine de corpos à mostra, como se não tivéssemos mais nada a oferecer, ao passo que a educação foi esquecida para dar lugar aos comandos dos joysticks, aos movimentos repetidos e às ações mentais repetidas, um clic, um ícone, curtir, compartilhar, caminhando para abismos cada vez mais impossíveis. Não pensar é o deleite das banalidades. Anestesiamos as crianças com a tecnologia e cortamos suas asas, o repetir dos toques esconde, atrás da sutileza do écran, a barbaridade das mentes limitas e acomodadas com tanto ao mesmo tempo. É preciso ter cuidado para não se encher de Nada.    
   O temor, lógico, é justificável diante de tantas atrocidades que vemos nossos iguais praticarem, tantas banalidades, barbaridades. A educação é o elemento transformador da consciência humana, o que nos faz ponderar, refletir, porém a realidade, embora falem por aí que nossos números avançam, não é bem isso. Assistimos à tragédia anunciada em que a cultura se dilui em sons monossilábicos e toques eletrônicos, em que as expressões não passam de desenhos rabiscados em paredes das escolas, num campo onde quase nada tem valor. Aliás, de valia maior são os objetos amados, as telas cintilantes que substituem os cérebros, a partir do momento em que as gerações transferem às máquinas a capacidade - ou o dever - de pensar. Para quê? Para mais tempo de ócio! Diversões que alienam, anestesiam, divertem, destroem e deseducam como nunca antes. Perdemos o sabor, o viço. Somos domados pelas máquinas, com direito às rédeas do conformismo.
   O tom enérgico com que os valores são impostos vem normalmente atrelado às consequências danosas que, aos poucos, fomos aprendendo a admirar. Boas músicas são tratadas com tom de deboche, a TV celebra, por vezes, a idiotice, as atitudes se nivelam por baixo pois o caráter também procede assim. Negligenciamos as barbaridades e colocamos em nossa  vitrine máquinas inteligentes ao invés de pessoas inteligentes. A perdição está em deixar de pensar, um ato tão sutil, cujo valor de transformação foi esquecido. Somos livres para (não) pensar!
   Talvez por que ainda não tenhamos conhecido a liberdade, encantados com nosso escravismo invisível, ou mesmo por que ainda talvez não conhecemos a verdadeira educação, que ultrapassa os conteúdos escolares. Educar é sentir. Educar-se é sentir-se, em totalidade. Só conseguimos entender a dimensão dos outros quando entendemos a nossa e a educação é o átrio para um outro circo, de entendimento, lúcido, cuidadoso, diferente deste de agora. Ao contrário das banalidades da massificação, que sempre nos quer mais estúpidos, a educação nos faz existir de fato. 


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Educart: Tempus edax rerum

Educart: Tempus edax rerum: Quando questionamos a fugacidade das ideias, é estranho pensar que a mentalidade pode se alterar com tanta rapidez, dada a lentidão de nos...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Tempus edax rerum

Quando questionamos a fugacidade das ideias, é estranho pensar que a mentalidade pode se alterar com tanta rapidez, dada a lentidão de nossas práticas sociais. Nosso conceito de civilização anda tão deturpado que muitos andam perdendo a razão. Em tempos de protestos pelas ruas, agressões a professores etc., a educação é posta à prova, uma vez que seu valor para a sociedade tem sido cada vez mais degradado. No passado, educadores eram admirados, vistos como verdadeiros formadores de opinião. 
Eis que os tempos mudam, tal qual as vontades, a sociedade se nivela através de outros valores e não mais vê nos professores a mesma imagem de outrora, embora ainda haja nichos de valorização do ato de educar. Agora, negamos, e renegamos, de tudo um pouco, extasiados com a luzes causticantes das telas, da tecnologia, do não-ser. Enfim, são passos dados ao abismo. É a caverna cada vez mais próxima, pois o tempo devorou a civilidade dos brasileiros e, no mesmo banquete, a educação.
Abismo, pois é difícil enxergar com lucidez o fim desta novela, que parece mais um drama mexicano, com protagonistas frágeis ante aos falsos heróis que tanto seduzem as gerações de hoje. Vivemos no país da negação, como num culto de barbaridades e futilidades, tão comuns em nossos tempos, onde professores, trôpegos, recolhem o que sobrou da antiga imagem da educação, em meio aos destroços da falta de zelo do poder público e do desinteresse de uma sociedade vaidosa, preocupada demais com ela mesma para pensar no bem comum. Talvez o mal esteja em nós. O mal irremediável da ignorância, do inconsciente coletivo, na fluidez dos valores morais e éticos, ou na ausência total destes.
O que nos resta então? Assumir a legitimidade do colapso? Negar educação é negar a razão, o bom senso e a civilidade. Sem educação, voltamos à condição de outros animais, pois negamos o intelecto como chave de resolução de nossos males, sobretudo nossa imbecilidade. Quem nega um educador, nega o ato de educar. Depois disso, é só voltar para a caverna. Transferimos aos recursos tecnológicos a responsabilidade de pensar e abdicamos ao direito de cogitar nossas próprias atitudes, na falsa ilusão de que aprender diante de um computador é um dom entregue a todos no momento do parto. Só falta lucidez e bom senso para assumir nosso caos. A liquidez dos valores, por vezes, não é tão boa o quanto parece. Onde está a educação?! Nas entranhas do tempo, talvez.
Celebramos então o paradoxo contemporâneo, que contrasta as sutilezas da informação democratizada com negação do intelecto de muitos; é como se a inteligência das pessoas não importasse mais. Assistimos à brutalidade de nossos semelhantes num circo de horrores que os brasileiros aprenderam a admirar. Com isso, professores parecem ir num tipo de marcha cega, sem simpatizantes da causa, exigir dignidade e respeito de um Estado e de um povo que já não se reconhecem mais no contexto das coisas dignas e respeitosas. Assim, enquanto educadores vão de encontro com a polícia nas ruas, a mídia cumpre o papel que tempos atrás era deles. Talvez haja no futuro alguma geração que redescubra o prazer advindo da sabedoria, o êxtase das descobertas e a satisfação de partilhar frutos dos esforços coletivos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Fuja da caverna


Por que fugir da caverna

Pensemos em algo sutil. A linguagem é, sem dúvida alguma, o elemento de diferenciação entre o humano e as demais criaturas. Longe do pedantismo, é a linguagem que legitima nosso intelecto, é ela que eleva nossa consciência às fronteiras absurdas da epistemologia, permitindo-nos crer, duvidar ou aceitar o meio termo, as meias verdades. Assim, a manifestação dos murmúrios e dizeres vagos se sistematizou, tornou-se complexa, expandindo as possibilidades das palavras, das sílabas, das imagens, dos sons, ou da ausência de todos, como se fosse possível traduzir em códigos até mesmo o silêncio. Contudo, a obscuridade de outrora ainda habita entre nós.
Saímos da caverna e abandonamos os tons bestiais para sermos agraciados com nossa criação, a linguagem, aquela que registra o nosso pensar, ou as coisas que se parecem com pensamentos. Mas há muitas desavenças, porque a linguagem se degrada, faz o caminho de volta. Se é esta a fração de nossas faculdades mentais que nos difere de nossos irmãos bípedes e quadrúpedes, como é possível aceitar palavras empobrecidas pelas mãos dos significados ridículos e tacanhos? A recolocação dos códigos criará ilhas, legiões de incompreensão. Ou será engano? Se justo o que nos abstrai e torna nosso universo, igual em substância, diferente em essência, por que insistimos em esfacelar o que os séculos criaram? Antes, todos admiravam um belo poema, a beleza intrincada das orações e das palavras, os ritos, tudo, fotografias dotadas de arte, quadros inspiradores. É estranho pensar que a linguagem hoje opere em prol das relações humanas refrigeradas. A comunicação lépida parece desafiar o saber. Engano? Há quem tenha meda das proparoxítonas, dos provérbios, das dezenas de páginas. Estranho, porque julgam ser a humanidade de hoje a que mais lê. Existem leituras perigosas. E apropriações mais perigosas ainda.
Alçamos uma embriaguez que dilui as palavas em siglas e sinônimos impossíveis, acostumados com a brutalidade, transferimos nossos lapsos de bicho até para os vocábulos, na tentativa de expressar o que nossa cultura não pode entender. O problema é nos nivelarmos por baixo, abaixo do aceitável. E o problema do problema é rirmos disso, selamos o nosso conformismo com a estagnação cultural. 
Ao ouvirmos falar de ciclos entre a sapiência e a ignorância, era inconcebível pensar que viveríamos o lado obscuro dessa realidade. O poder das palavras se rendeu à banalização, foi tomado de assalto, para degustarmos a vulgaridade e o conformismo. Ou será engano? Digitei palavras erradas? Talvez. O ser que se julga sábio despreza outras realidades e torna a linguagem seu fantoche, num culto que o levará de volta para o conforto e para a languidez das cavernas. Quando isso acontecer, os murmúrios voltarão, estaremos tranquilos a brincar ao redor da fogueira, bichos na sombra, na luz. O fim talvez esteja perto, pois  diante das telas reluzentes, sem pensar, não precisamos de nada, nem mesmo da linguagem. Ela será a sutiliza lacerada nas mãos bárbaros. E pode ter certeza. Eles estarão aguardando por isso. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Por que fugir da ilha

Não pode haver outra educação senão aquela que priorize a cultura como arma de transformação social e a arte como dispositivo sensorial de sensibilização dos indivíduos, posto que todos os recursos pedagógicos devem se valer de suas potencialidades para produzir conhecimento, do papel ao computador. Contudo, devemos dar as costas a tudo aquilo que tente nos domesticar, podar-nos o pensamento, já que uma vez impregnados de um universo cultural amplo jamais voltaremos à condição de inércia social e aceitação das circunstâncias. Devemos usar a arte para a resolução das causas "impossíveis" da sociedade, como a cura para a cegueira das sensações, que impede-nos de ver nos outros as mesmas possibilidades nossas, e vice-versa. O teor artístico torna-nos mais humanos, tira-nos da ilha-de-nós-mesmos, denuncia os dramas alheios e convida-nos a agir, pensar e agir emocionalmente, não numa emoção desmedida ou descomprometida, mas na ânsia do entendimento de que o deleite do bem-estar é uma dádiva universal, que infelizmente a muitos ainda é negada. Apreciar o belo, não contentar-se com pouco, com migalhas, entender o belo e compreender que não se constrói, em  canto algum, uma felicidade fracionada. A educação transformadora é aquela que muda-nos a alma, o milagre interno da melhora de nós mesmos, a ponto de chegarmos na incômoda condição de querermos isso também aos nossos iguais. Para tal, as ferramentas que por vezes nos servem para a alienação, fundamentada em desejos tacanhos, devem ser convertidas em artifícios de denúncia de discrepâncias e compartilhamento de bens imateriais, nos quais a cultura está intrínseca. Educação não pode ser deturpada e fazer de cada aluno um mero número. O aluno sente, respira, transpira emoções e vontades. Afinal, a razão de todo ser sempre se volta à transformação, longe da frieza das diretrizes, o aluno é um ser pensante e, em seu íntimo, sempre estará ávido por uma cultura que possa transformá-lo e uma arte que o faça ver além das possibilidades.  

Por Giovani Ramos

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O ser-tão das possibilidades, do avesso ao verso


Definir o íntimo humano é tarefa árdua, não se faz de noite p'ro dia, porque o ser se desdobra em fala, em silêncio, em discurso, em ato breve, falho, acertado, tudo assim, feito um grande sertão; e isso noz faz lembrar uma obra que tem quase vida própria, que se apossa do impossível imaginário para criar um universo ímpar e uníssono. Vamos pelas vidas de poeira, corpos de baile, balas, disparos, couro, a descortinar a significância das coisas.

Vidas próprias, ou quase... na multiplicação de imagens que não se encerra no papel. Grande Sertão: A reinvenção da língua, do ser, um parto da linguagem do ser, marco. Tal obra é a re-significação das verdades de um sertão para além dos sertanejos, que penetra nas almas, desvenda as ânsias humanas, uniformiza-as, nivela todos à condição do simplório, do ódio, do amor, dos desejos às vésperas do ato, um redemoinho a consumir-nos as palavras e multiplicá-las no vão das possibilidades tangíveis.

Guimarães Rosa traçou assim uma teia, uma construção de contemplação morosa acerca dos diálogos e monólogos que permeiam os discursos dos personagens e se projetam em nós, levando-nos ao (des) entendimento, à substância inefável que não se sabe o ponto de encerramento, um diabo a nos dividir, com dúvidas e certezas que levamos até a sepultura. E nem sabemos a quem encomendar as almas. Desta forma, a obra se encerra e não se encerra. Grande Sertão: Veredas é um sino num lugarejo, perdido no sertão, em nós, a ecoar em nossas cabeças o cântico da índole humana, a nos lembrar sempre de que fazemos parte do meio, de que estamos atados à terra, tão viscerais quanto as criaturas não pensantes, provando que somos água e tijolo, na lama das circunstâncias. 

Por Giovani Ramos
Só a cultura dá rumo às atitudes transformadoras, retira-nos da inércia e do comodismo. É a cultura que nos conduz ao dom da apropriação de saberes que torna-nos capazes de pensar racionalmente, e sentimentalmente, sobre os impactos de nossos atos e pensamentos. Através dela, valores importantes se agregam ao nosso ser, aprendemos formas subjetivas de nos sensibilizar sobre os anseios dos outros, sobre as dores alheias. Mas só chegamos a isso após o auto-conhecimento, que esclarece nossa essência e substância.
Por Giovani Ramos

Pensamos em tudo, em muita coisa. Carros inovadores, dispositivos que atendem ao comando da voz, tudo baseado num automatismo que possa nos substituir. Assim, transferimos a capacidade de pensar às máquinas. Aliás, aos poucos privilegiados que pensam em nosso lugar e comandam as máquinas. No entanto, isso é um exílio. De nós em nós mesmos, em nossas cavernas particulares. Deixamos que a inércia e a frieza das máquinas tomem conta de nós, enquanto a vida se engessa, perde a cor, a natureza morre, em nome de objetos inteligentes. Deveríamos pensar em pessoas inteligentes, pois sem elas nosso mundo estará fadado ao campo frio e incondicional de um progresso que nos emburrece, nos cega com encantamentos apócrifos de uma realidade maquiada que simula a harmonia entre os seres.
 Por Giovanni Ramos

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Onde as palavras terminam...




Educart: Independente de qual seja, a arte engajada faz os...

Educart:
Independente de qual seja, a arte engajada faz os...
: Independente de qual seja, a arte engajada faz os apelos das minorias ecoarem entre as sociedades. Assim fez Cândido Portinari, ao retra...

Veja mais em: http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Mestre+Vitalino&ltr=v&id_perso=124
Leia mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
Não há em canto algum um país que tenha se erguido e chegado a condições dignas de vida sem o suporte da educação. A preocupação com um lugar melhor para se viver passa pelo comprometimento de formar pessoas melhores, críticas, sensatas e solidárias. A ferramenta de transformação que nos livra da força bruta é a educação. É o divisor de águas entre o humano e o bicho.
Giovani Ramos 

Independente de qual seja, a arte engajada faz os apelos das minorias ecoarem entre as sociedades. Assim fez Cândido Portinari, ao retratar "A criança morta", com figuras que parecem saltar da tela para denunciar os milhões de esquecidos Brasil afora. Trata-se de uma arte reflexiva, usada como arma de transformação e sensibilização social, mas que precisa ser relembrada, debatida, pensada. O pesar contido nas expressões de Portinari no faz lembrar as linhas de romances que também denunciam problemáticas sociais brasileiras, de um povo que se acostumou a conviver com adversidades da natureza e com a indiferença daqueles que, talvez, poderiam ajudar.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Engajamento


Muito mais que extrair admiração, a arte, graças ao seu engajamento, tem servido para dar voz àqueles que outrora nunca ganharam atenção. Assim, a arte grita aos cantos, em músculos que se contorcem diante da tortura e da tirania, e, nas mãos de mestres famosos e anônimos, o engajamento artístico dá outro nuance à concepção do belo, com pinceladas de nervosismo e de indignação. Bem mais que o deleite das grandes salas de exposições, a inquietação dos artistas vem denunciando guerras, fome, injustiças. Tal qual em outros tempos, a arte ainda é capaz de demonstrar que com a sensibilização é possível obter impacto sobre as pessoas e provocar pensamentos de mudança que nos orientem para novas posturas e novos rumos.

Leia até debaixo d'água


Saia da gaiola!


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sobre o direto de ter deveres

Devemos valorizar o que cada aluno nos pode oferecer. Seus saberes devem ser lapidados. E o primeiro a entender a essência disso é o próprio aluno. No entanto, não devemos nos furtar às responsabilidades, boa parte da preparação social do aluno não provém da escola, ele traz de seu contexto social. Portanto, será um esforço em vão delegar apenas às escolas o dever de transformar nossas crianças em pessoas melhores. Precisamos abraçar nossos deveres e partilhar seus resultados positivos, se quisermos um mundo melhor, com cidadãos humanamente transformados, para que educação não seja um conceito lacônico e obsoleto, e a escola não seja uma entidade falida.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Que o futuro não seja esse.



Recogitar pensamentos

Recogitar


Todo ato educativo deve ter, em seu íntimo, um caráter libertador. Muitos consideram que a tecnologia existente supera os limites de capacidade de percepção humana, levantando uma crença em uníssono de que os recursos tecnológicos são facilitadores perigosos, que cerceiam o pensamento e nos privam do desenvolvimento criativo.

Ora, o problema talvez esteja no uso. Se educar é libertar, devemos investir na criatividade muito antes da tecnologia. É estranho imaginar, hoje, um indivíduo pensante que não use um computador ou qualquer outra engenhoca desde sua alfabetização. Mas o ato criativo vem antes disso. A criatividade é um processo de auto-descoberta, que se revela aos poucos, na interação entre os indivíduos com o mundo. Privá-los disso seria reproduzir sombras nas cavernas. Ou seriam sobras?

O que há de controverso? Nossas habilidades se manifestam à medida que recebemos estímulos. E não será possível o estímulo com crianças prostradas, integralmente, diante de computadores, tampouco manejando gadgets, à beira do esgotamento mental, onde o corpo responde apenas a comandos programados. O problema está no uso descontrolado das tecnologias. E há algo pior e mais perigoso aí. Atualmente, muitos vêm no virtual uma forma de escapismo, um mundo imaginário onde somos onipotentes. A liberdade através da educação vai de encontro a esse contexto de onipotência. Educar-se é, sobretudo, reconhecer limites. 

Fora isso, muito mais nos é acrescentado, clareza de pensamento, sensibilidade... A tecnologia sem propósitos nos torna tão frios quanto as máquinas que manipulamos. Portanto, é preciso viver, ler das manchetes de jornais às palavras soltas nos lábios das crianças, sentir o vento tocar nosso rosto, pisar no chão e perceber a aspereza das pedras, o toque sutil da água. Podemos nos maravilhar com fotos belíssimas compartilhadas nas redes sociais, mas este frenesi nem se compara à contemplação de uma paisagem, aos sons, aos gostos, aos toques de luz. A tecnologia deve nos servir de ferramenta, não substituir-nos.

O perigo das facilitações é a propagação do mecanicismo das relações - que já dura décadas. É um brinde à frieza, à perda dos valores. A velocidade das informações não é sinônimo de instrução, muito menos de aculturação. O dicionário eletrônico ganha valor quando já passamos pelas páginas de papel, pelas palavras perdidas, encontradas casualmente quando fazemos uma consulta. O volume monstruoso de e-books é um convite à desinformação, ao passo que educar-se é a porta para o aprofundamento, não para a superficialidade das coisas.

Enfim, não podemos nos render à perversão de um sistema que deseja pessoas embrutecidas pelas circunstâncias, engolidas pela falta de tempo e por milhões de afazeres. Vamos deixar as crianças provar o gosto das imagens reais, para depois admirar os posts. Antes da ostentação de milhares de livros trancafiados num chip, o melhor é ter a consciência tranquila de que podemos enfrentar todas as palavras contidas neles. E que estas nos sirvam de instrumentos de transformação da realidade, por um mundo mais livre, em que o intelecto se valha de ferramentas, mas que não se curve diante delas.

Por Giovani Ramos  

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Devemos repensar. Preparar. Preparar-nos.



Fala e escrita revelam a multiplicidade cultural dos indivíduos, suas manifestações intelectuais, anseios e vivências. A harmonização entre esses dois aspectos torna as pessoas mais aptas a um processo comunicativo mais amplo, uma vez que o universo de cada ser deve se multiplicar através das diversas linguagens existentes hoje. E cada linguagem dispõe de sua riqueza. Quando vão à escola, os alunos não abandonam suas linguagens já adquiridas, mas se contrapõem, por vezes, ao que o conteúdo institucional apregoa. A variação linguística deve trabalhar por acréscimos, despertando a consciência individual de que, para cada momento, uma necessidade comunicativa diferente se manifesta e que é importante para o convívio social estar pronto para essa realidade.

Por Giovani Ramos
"Todos falam e alguns escrevem"
http://www.youtube.com/watch?v=XOzoVHyiDew
Muito válido:
http://www.youtube.com/watch?v=o7OlNhxLrOg

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Muito interessante:
http://super.abril.com.br/galerias-fotos/12-escritores-famosos-unico-romance-publicado-745060.shtml#0
"Para [ter] uma mente completa, estude a arte da ciência, estude a ciência da arte, aprenda a enxergar, perceba que tudo se conecta a tudo".
Leonardo da Vinci 
Sobre arte e educação:
http://www.rumosdobrasil.org.br/2009/10/29/a-importancia-da-arte-da-educacao-vida-plena-a-cidadania/
http://www.institutovotorantim.org.br/pt-br/artigos/Paginas/artenaeduca%C3%A7%C3%A3o.aspx
http://www.bio.fiocruz.br/index.php/artigos/338-relacoes-entre-ciencia-arte-e-educacao-relevancia-e-inovacao
Sobre tecnologia e educação:
http://www.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/5945/o-uso-das-tecnologias-na-educacao.aspx
http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/tecnologia-na-educacao.htm

Precisamos lutar por uma educação que seja capaz de transformar-nos, tocar-nos todas as inquietudes, para que possamos pensar em sermos melhores para os outros, não melhores que os outros. Precisamos sair da larva da mediocridade, ao ponto de uma educação transformadora forte o bastante para mudar-nos o caráter, a alma. Precisamos nascer de novo, num parto pessoal que nos faça entender que os conflitos mais valorosos são aqueles que não derramam sangue nem se fazem em meio à balbúrdia. Tornar-nos educados está longe da domesticação e do adestramento que nos faz parecer ovelhas a caminho do abate, conformadas com a própria sina; ao contrário, somos seres pensantes e não podemos permitir que nosso intelecto seja subtraído por ideologias tendenciosas, muito menos cerceado por anseios de terceiros, cujo maior objetivo é a nossa inércia mental.
Por Giovani Ramos

Einstein aos 14 anos. Ele não era considerado um bom aluno.


terça-feira, 23 de julho de 2013

"O livro é uma extensão da memória e da imaginação."
(Jorge Luis Borges)
O que acontece é que a arte anda meio ausente. Educar tem um quê muito forte de arte, o desafio de misturar as palavras e mudar comportamentos requer de nós espírito de artista, ora pintor, ora poeta, ora ator... É preciso montar tendas, vestir personagens, criar constelações. Precisamos preencher as toneladas de hardware dos conteúdos escolares com gramas de leveza vindas da arte.
Por Giovani Ramos

"As revoluções são periódicas, o que lhes tira a eficácia." CDA
Onde está 
a poesia? indaga-se
por toda a parte. E a poesia
vai à esquina comprar jornal. 
(...)

Ferreira Gullar. In: Dentro da noite veloz.
Se morro
o universo se apaga como se apagam
as coisas deste quarto
(...)

(Ferreira Gullar)
Quando um poeta morre, junto com ele se vão universos repletos de histórias, compactas, longas... um poeta a menos é menos mais um milhão de coisas, milhões. Na ausência dos poetas, ficamos entregues não à dificuldade da poesia mas ao perecimento das visões que antecedem aos fatos. Junto com eles se vão as luzes, as antenas, os sinais da alta definição do pensamento. Sem poesia, ou sem poeta, perde-se a cor, o viço, a brincadeira com da linguagem e a profundidade dos significados.
Por Giovani Ramos
Leitura muito pertinente:
http://www.upf.br/comarte/?p=4390
"A educação visa a melhorar a natureza do homem, e isto nem sempre é aceito pelo interessado." (Carlos Drummond de Andrade. In: O avesso das coisas)
Se queremos educar, devemos fazê-lo pelo exemplo. Não há educador sem leitura. Não há educador sem apreciação. Educar é ler o texto-aluno. E isso se faz lendo gestos, olhares, falas e até sussurros. A educação deve habitar os detalhes esquecidos pelo sistema, morar em cada professor, em cada aluno.

segunda-feira, 22 de julho de 2013


Se considerarmos a docência como atividade intelectual e prática, revela-se necessário ao professor ter cada vez maior intimidade com o processo de investigação, uma vez que os conteúdos com os quais ele trabalha, são construções teóricas fundamentadas na pesquisa científica. (In: PONTUSCHKA, N.N.; PAGANELI, T.L.; CACETE, N.H.. Para ensinar e aprender Geografia. 3º ed. São Paulo: Cortez, 2009. Por Antônio Luquini Neto)


Para tudo que se ergue na vida é necessário esforço.  E o conhecimento é assim. E muito mais que esforço, paciência. A multiplicidade de possibilidades educativas - e tecnológicas - tem desafiado nosso intelecto, numa corrida desenfreada por mais e mais. No entanto, precisamos respirar fundo, refletir, uma vez que conteúdo sem reflexão não produz nada, coisa alguma. Um sujeito pensante se faz de paciência, leveza e reflexão. Com paciência, não teremos atos e palavras trôpegos. Com leveza, é possível extirpar os males que tornam o saber um fardo, quando o intelecto é o bem imaterial de maior valia ao ser humano. E a reflexão permite-nos ponderar, escolher caminhos e saber que antes de qualquer passo precisamos de um rumo. Nosso intelecto precisa se livrar do peso das cobranças externas, da insensatez do tempo e da realidade maquiada que impede-nos de pensar.
Por Giovani Ramos
"A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces." (Aristóteles)
Educart foi criado para levantar possibilidades de transformação para uma educação que vire as costas à alienação e se posicione a favor de mentes pensantes através do uso de ferramentas tradicionais e digitais, com base na construção coletiva do conhecimento.